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Universidade Federal do Rio Grande do Sul


UFRGS


Curso de Licenciatura em Pedagogia:


Anos Iniciais do Ensino Fundamental Modalidade a Distância


Pólo Gravataí



Josiane Ferreira Nunes


domingo, 3 de julho de 2011

Eixo 6: Cidadania é a expressão concreta do exercício da democracia

Ao recordar alguns textos da Interdisciplina do Eixo 6: Questões Étnico-Raciais na Educação: Sociologia e História, percebo que a mesma apresentou-nos a importância de trabalharmos com os alunos a diversidade na escola, respeito pelas diferenças de cada um e vivenciando diariamente atitudes com ética e cidadania.

Trabalhar diariamente com nossos alunos a questão de ser cidadão. O fato de ter direito a vida, à liberdade, a igualdade perante a lei, consciência dos direitos civis. Despertar a iniciativa de participar no destino da sociedade, votar e ser votado, ter direitos políticos e sociais como participação do indivíduo na riqueza coletiva, o direito à Educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, a uma velhice tranqüila (PRINSKY apud FERREIRA, 2006 p.28). Desta forma, PRINSKY na sua concepção diz: cidadania é a expressão concreta do exercício da democracia. A sociedade tenta manipular os indivíduos a se comportarem de acordo com alguns princípios estabelecidos. É uma relação de poder, na qual alguém exerce o poder e impõe aos outros indivíduos o seu ponto de vista e suas regras. Mesmo quando se está falando em sociedade, sempre há alguém que desempenha o papel de controlar os demais. Somente em um ambiente escolar onde se pratique e se viva a gestão democrática, por meio da socialização dos conteúdos é possível, efetivamente, formar para a cidadania. A escola, portanto, para todas as crianças, jovens e adultos que aspiram à formação e a instrumentalização para a vida em sociedade, é o único canal responsável em fornecer o passaporte para que sejam capacitados à cidadania e ao mundo do trabalho.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Eixo7: EJA... um recomeçar!

Ao realizar este trabalho de postagens eu retomei uma atividade que fiz no início do curso de PEAD, no ano de 2006. Na época estudamos a definição de educação segundo Durkeim. Para definir ensino, é imprescindível compreender a história, conferir e apreciar os aspectos históricos dos sistemas educativos que hora permanecem e em toda a sua vivência, de maneira comum, estudando com esses exemplos e retirando deles diretrizes


A partir do conhecimento e desta comparação construir elementos comuns nos quais precisam atender as necessidades do educando durante sua aprendizagem. Realizamos uma importante discussão sobre o tema. A educação não é um elemento para que ocorra a mudança social, de modo contrario, é um elemento essencial para a “conservação” e funcionamento do sistema social, como foi possível estudarmos na Interdisciplina EDUCAÇÂO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL, eixo 7. Talvez isso explique a razão do descaso que a EJA é tratada anos após anos em políticas públicas interessadas em conservar o funcionamento desse sistema social. Para Álvaro Pinto (1992), a educação é o processo pelo qual a sociedade forma seus membros à sua imagem e em função de seus interesses. É a formação do homem pela sociedade, ou seja, “o processo pelo qual a sociedade atua constantemente sobre o desenvolvimento do ser humano no intento de integrá-lo no modo de ser social vigente e de conduzi-lo a aceitar e buscar os fins coletivos” (Pinto,1992,p.30). A educação é um processo. O decorrer de um fenômeno (a formação do homem) no tempo. Representa a própria história individual de cada ser humano e está vinculada a fase vivida pela comunidade em sua contínua evolução. Um conceito ingênuo, e bem comum, seria pensar que o conteúdo da educação está definido pela totalidade dos conhecimentos transmitido do professor pra o aluno.



Por muitos anos a Educação de Jovens e Adultos foi mantida em uma situação de exclusão no contexto das políticas públicas. Houve poucas vezes um esforço articulado na questão de superar o analfabetismo adulto, com o objetivo mais de manter um nível de escolarização (basicamente ler+escrever e fazer conta). Falar sobre a Educação de Jovens e Adultos exige atualmente a necessidade de um repensar, não só com relação à faixa etária dos alunos, como também sobre a questão cultural que está explicitamente ali incluída. A modalidade de ensino da EJA "necessita ser pensada como um modelo pedagógico próprio a fim de criar situações pedagógicas e satisfazer necessidades de aprendizagem de jovens e adultos" (PARECER CNE/CEB 11/2000). Ela tem que quer ser a via de oportunidade para que os jovens e adultos possam desenvolver habilidades e competências adquiridas ao longo de sua trajetória pessoal, através da sua história de vida e da bagagem social e cultural. A função permanente (qualificadora) de proporcionar o acesso à informação, ou seja, atualização de conhecimentos permanente para todos, incluindo os idosos. A função equalizadora busca restabelecer a trajetória escolar do estudante da EJA para dar oportunidade a trabalhadores e outros segmentos da sociedade a reentrar no sistema educacional. Por sua função reparadora, a EJA abriga pessoas de todas as idades a partir dos 15 anos (idade mínima para cursar o Ensino Fundamental) que não tiveram acesso à escola na infância ou os jovens que possuem histórico de repetência e evasão escolar no Ensino Regular.

Esta modalidade de ensino através de suas funções possibilita aos seus alunos e alunas um recomeçar, inserir-se na sociedade como cidadão ativo e participante. A decorrência é uma aberta troca, entre professor e aluno. Não existe informação válida se não for partilhado com o seguinte. Estabelecer o diálogo é importante. A legitimidade da informação é produzida socialmente, bem como participo e arquiteto o conhecimento com os outros.

A educação é aspecto prático da convivência social. Na sociedade todos educam todos.

O professor precisa estar na busca do aprendizado sempre, mas havendo o cuidado de não negar seu papel em sala de aula, como alguém que sabe algo que o aluno quer saber. Não podemos negligenciar a hierarquia em sala de aula, mas com uma atenção especial para não cairmos no autoritarismo. Trabalhei com alfabetização durante 6 anos letivos com a EJA. Foram anos riquíssimos, de experiências fantásticas das quais me recordo até hoje. Certa vez, por ocasião da chegada do inverno, alguns alunos começaram a faltar devido ao frio e resfriados. Entre uma aula e outra surgiam receitas para essas “Doenças de inverno”. Os mais velhos trocavam receitas com os alunos mais jovens. Eu me vi no meio de uma enciclopédia viva e com saberes riquíssimos. Na turma havia um senhor que estava se alfabetizando e uma senhora que já estava alfabetizada, eles sentavam junto com os alunos mais jovens e repassavam suas receitas (isso de modo informal, na hora do recreio). Foi então que repensei minha prática em sala de aula, pois precisava organizar todas aquelas informações preciosas, do saber popular. Antes de qualquer coisa é preciso conhecer o aluno, indivíduo inserido em um contexto social do qual deverá sair o “conteúdo” a ser desenvolvido em aula. Este trabalho acabou resultando em um livro escrito por eles em dupla que foi trocado na forma de um presente de amigo secreto. Essa experiência também rendeu uma premiação na feira de ciências de nossa escola e a participação na feira de ciências municipal. O saber científico e escolar não pode e não deve ser considerado acima e indissociável ao saber popular. O saber popular não deve ficar alheio ao processo de elaboração do conhecimento, pois dessa maneira não estará determinando a transformação social.


Referências
ALVARO Pinto Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo: editora Cortez. 1992

Eixo 5: O projeto político-pedagógico. Uma formalidade instituída?

A participação é a fundamental forma de garantir a gestão democrática da escola, favorecendo o empenho da comunidade escolar na tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar.


As Interdisciplinas de ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO e PROJETO PEDAGÓGICO EM AÇÃO, no eixo 5 trabalharam a questão da gestão democrática na escola, que abrange um padrão no qual a direção deve ser escolhida e eleita a partir da decisão da comunidade escolar, se compõe num dos condicionantes da constituição do Projeto Político Pedagógico.

A escola é compreendida como espaço-tempo de juntura entre a lei e a comunidade escolar.

Organizar o trabalho pedagógico em escola pública é algo muito abrangente não sendo uma tarefa fácil, requer uma formação de boa qualidade além de exigir do gestor um trabalho coletivo que busque incessantemente a autonomia, liberdade, emancipação e a participação na construção do projeto político-pedagógico. A organização do trabalho pedagógico, avaliando e reconstruindo seus projetos, planejamentos e planos da escola é o caminho para que ocorram as mudanças verdadeiras nas escolas. E só irão acontecer de fato se houver uma aliança do corpo técnico, diretor e coordenador pedagógico trabalhando em parceria com o corpo docente, funcionários e demais membros da equipe escolar. É importante que nesse processo de mudança a escola busque a unidade entre a família, gestor, comunidade, professores, alunos, funcionários onde cada um sinta-se responsável em transformar a educação. Numa gestão democrática, o gestor precisará saber como trabalhar os conflitos e desencontros, deverá ter competência para buscar alternativas diferentes e novas e que as mesmas atendam aos interesses da comunidade escolar. Administrar com uma visão democrática implica em saber ouvir, contestar e ceder sendo que em meio às discussões podem surgir vários confrontos e soluções, pois as pessoas analisam de diferentes formas cada situação. Portanto, cabe ao gestor definir problemas e identificar soluções levando em consideração a opinião de todos.

A qualidade da escola dependerá da participação ativa de todos os membros, respeitando individualidade de cada um e buscando nos conhecimentos individuais novas fontes de enriquecer o trabalho coletivo. A escola precisa ter liderança de um gestor comprometido com a qualidade da educação e com as transformações sociais que possibilite avançar o aluno nos mais variados aspectos: social, político, intelectual e humano. Organizar o trabalho pedagógico requer enfrentar contradições oriundas das diversas realidades que se encontram numa escola pública, daí a necessidade da escola educar para a democracia, e essa tendência pedagógica deverá ser observada ao longo desse processo. Há pouco tempo, o modelo de gestão escolar se configurava num diretor autoritário e submisso aos órgãos centrais e sua função se restringia a de administrador de determinações estabelecidas pelas instâncias superiores. O processo de autonomia da escola se deu a partir da década de oitenta quando tomaram posse os primeiros governantes eleitos pelo voto direto. E o discurso por uma educação democrática ganhou amplitude e vários movimentos começaram a incentivar a luta por uma escola participativa, autônoma e de qualidade.

O projeto político-pedagógico é mais do que uma formalidade instituída. É a aproximação do que se pensa sobre a educação básica e superior, sobre o ensino, a aprendizagem, a produção e socialização dos conhecimentos, o aluno e o professor com a prática pedagógica que se realiza na instituição educativa. É uma aproximação maior entre o que se institui e o que se transforma em instuinte. A gestão democrática na escola, que compreende um modelo no qual a direção deve ser eleita pela comunidade escolar, se constitui num dos condicionantes da construção do Projeto Político Pedagógico. A idéia de que a eleição direta para diretores das escolas é um elemento importante para a democratização das relações do cotidiano escolar, contribuindo decisivamente no debate e na formulação do Projeto Político Pedagógico. No entanto, a nossa prática nos leva à constatação de que o fato de se ter um diretor eleito na escola não significa necessariamente, que o Projeto Político Pedagógico seja fruto da construção coletiva dos profissionais da educação. Vivemos numa sociedade que funciona basicamente de forma hierarquizada. No mundo do trabalho há nítida separação entre os que determinam/ decidem e os que se limitam ao cumprimento das decisões. Para elaboração do Projeto Político Pedagógico é imprescindível que seja um processo democrático, participativo e dialogado. Os principais agentes sociais construtores de tal projeto são: alunos, professores, diretores, coordenadores pedagógicos, pais e comunidade. Todos esses segmentos apesar de serem portadores de anseios valores objetivos diferenciados devem ser ouvidos, terem direito de defesa de suas idéias através de processos democráticos construírem uma base mínima e fundamental de objetivos a serem conquistados com metas e prazos a serem alcançados.

Um importante instrumento permanente de avaliação e redimensionamento do Projeto Político Pedagógico é a crítica construtiva que se faz com profissionais competentes e comprometidos com a educação, pois o PPP está em constante movimento e permanente mudança.

Eixo 5: Gestão democrática e participativa

Livrar-se das amarras de concepções impregnadas durante décadas de um modelo pronto de educação, concebe transformação de paradigmas, o que não acontece com ações administrativas, como alterações na legislação A Interdisciplina de Organização do Ensino Fundamental, no eixo 5, oportunizou uma importante reflexão. As escolas apresentam sua função definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, nº. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. O Artigo 12, ao estabelecer as competências dos estabelecimentos de ensino, também destaca a elaboração e execução do projeto pedagógico a gestão dos recursos humanos, financeiros e materiais, o que constitui que competirá às escolas, determinarem um modelo de gestão que lhes permita exercer não exclusivamente que a lei decide, mas desempenharem sua função de geradoras, sistematizadoras e socializadoras do conhecimento.
O processo de mudança ainda é lento, havendo muitas resistências a serem quebradas, posturas a serem revisadas.

Dentro de uma gestão democrática e participativa, todos os envolvidos no processo devem ser atuantes efetivos. Para isto devem compreender a importância de todos em sua participação, exercendo seus direito de escolha, acompanhar o processo do pleito e, mesmo após a escolha realizada, acompanhar as decisões tomadas, participar da elaboração do projeto político pedagógico da escola, participar com sugestões e críticas, fiscalizar a aplicação de verbas, assim como cobrar as propostas apresentadas durante a campanha. Acredito que a escola necessite de muito mais que "boa vontade" para atender a exigências de uma sociedade em mudança, mas se deixarmos de lado e os primeiros passos não forem dados, corremos o risco de ficarmos apenas na reflexão!
Significativo papel é exercido neste sentido pelos Conselhos Escolares, que se constituem a partir de representantes de alunos, pais, professores e funcionários, e atua diretamente nos assuntos de interesse coletivo. Não podemos negar as diferenças ainda encontradas nas administrações em nossas escolas. Podemos encontrar em um mesmo bairro escolas com administrações voltadas para a bem comum, democráticas e participativas, e escolas onde não há o menor interesse em permitir esta abertura à comunidade escolar.
Dentro deste contexto tão ambíguo percebo que a escola em que atuo está corretamente direcionada em sua trajetória. Não que tenha sido assim anos anterior, mas atualmente ela apresenta todos os parâmetros de uma escola democrática e participativa. Para alcançarmos uma perspectiva democrática na organização escolar, é preciso que seja uma gestão escolhida por voto, onde os eleitores tenham liberdade de escolha, sem interferência ou pressão de qualquer parte, seja interna ou externa à instituição educacional. Não basta haver pleito, deve haver o direito de candidatura de diferentes setores e opiniões bem como a aceitação do resultado decidido pela votação. Nela há eleições diretas e a equipe diretiva compartilha com o Conselho Escolar da Escola, em geral, estimula-se a presença dos pais na gestão administrativa e pedagógica da instituição. Buscamos também a participação dos pais como um mecanismo de auxílio no cumprimento do serviço educativo. Há a prestação de contas, devidamente colocada em um mural na entrada da escola, com os valores referentes ao quadrimestre.Há reuniões pedagógicas para discussão de políticas e práticas dos professores e setores.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Eixo 6: Toda prática requer uma teoria

No inicio de 2008 fui convidada a participar do curso de formação de professores oferecido pelo GEEMPA (Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação), com o objetivo de capacitar os professores que trabalham com turmas de alfabetização e pós-alfabetização. Trabalhar em sala de aula com a proposta gempiana necessita o rompimento de paradigmas. É de Paulo Freire uma importante fala que diz: “Toda prática requer uma teoria”. Essa teoria precisa articular os conceitos compatíveis para que se torne consistente, pois não sendo assim os resultados de sua prática serão comprometidos. Ao realizarmos um comparativo entre os modelos pedagógicos as diferenças no resultado final do processo de aprendizagem é algo muito visível. O conhecimento sobre cada um desses modelos é primordial para a prática pedagógica do professor, pois ele deverá optar por somente um. No modelo pedagógico diretivo, que está relacionado com a epistemologia empirista, o professor ocupa a posição de detentor do saber/poder e o conhecimento é tido como uma espécie de cópia. Nesta prática de ensino-aprendizagem a ação do professor acaba por tornar os alunos pouco criativos e sim, repetitivos. Tive a oportunidade de ler textos na interdisciplina de DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM SOB O ENFOQUE DA PSICOLOGIA II, no eixo 6.


Na epistemologia apriorista, que acredita que ao nascer o homem já traz ao nascer à estrutura cognitiva necessária a construção de conhecimentos, a prática do professor na pedagogia não-diretiva será determinada por esse conhecimento pré-formado do sujeito. “Esta epistemologia acredita que o ser humano nasce com o conhecimento já programado na sua herança genética.” (Becker, 2001b, p. 20). Baseado no modelo epistemológico construtivista, na pedagogia relacional o professor provoca o aluno a pensar sobre o objeto de aprendizagem, criando condições para construa seu conhecimento, sempre levando em consideração as suas vivências e conhecimentos anteriores. Os conceitos dos modelos não são compatíveis entre si, tornando inviável a mistura, pois acarretará em um empobrecimento da prática pedagógica em sala de aula.

Ao me apropriar dessas informações comecei a rever a minha prática em sala de aula. O professor também precisa pensar, e muito, pois "só ensina quem aprende". É importante saber que uma provocação adequada conseguirá acelerar a aprendizagem na construção do conhecimento, pois todos podem aprender desde que sejam realmente provocados de maneira inteligente. O professor precisa saber quais conhecimentos seus alunos trazem para a escola, nunca os igualando. O ato de aprender possui duas fases, a chamada por Piaget de dialética, o sujeito toma consciência da incompletude da hipótese e necessidade de ruptura, e a discursiva, logo após a formulação de uma hipótese e seu acolhimento por um determinado tempo.



“Todo desenvolvimento é composto de conflitos e incompatibilidades momentâneas que devem ser ultrapassadas para alcançar um nível mais alto de equilíbrio.” (PIAGET, 1996)

No inicio das aulas os professores fazem uso de uma entrevista individual, conhecida por Aula Entrevista, que mede os quatro ramos da alfabetização: escrita, leitura sons, letras e unidades lingüísticas.

É importante descrever o contexto de aplicação de uma Aula Entrevista, momento especial de aprendizagem, tanto para o professor quanto para o aluno que é feita nos primeiros dias do ano letivo e também no decorrer do mesmo. É um instrumento auxiliar que possibilita caracterizar a rede de hipóteses durante o processo de alfabetização. Antes de uma Aula Entrevista é imprescindível um diálogo com o aluno, pois a partir da conversa é que será possível conhecer as palavras que forem significativas e desta forma revelando que a escrita das letras deve estar associada à leitura do mundo. O diálogo com o qual se inicia uma Aula Entrevista permite ao professor um contato com cada aluno, necessário para o desenvolvimento das relações professor-aluno. A Aula Entrevista possui um roteiro que o professor deve solicitar ao aluno, passos direcionados através de uma ação mediadora.



1. Em uma folha branca, solicita-se que o aluno faça a escrita do próprio nome, da forma como acha que é;



2. Leitura do próprio nome;



3. Escrita de quatro palavras e uma frase:( as palavras devem partir do diálogo entre professor e aluno, mesmo contexto semântico).



4. Leitura de um texto pelo professor;



5. Leitura das quatro palavras e uma frase;



6. Retomar o diálogo significativo, desenvolvido desde o inicio da entrevista. Transformar esse acontecimento em texto que o professor escreverá em letra bastão. Pedir ao aluno leia o texto sozinho;



7. Pedir para que o aluno escreva todas as letras que conhece;



8. Nomes de letras e sua associação com a inicial das palavras



9. Classificação das unidades lingüísticas.







É importante que essa entrevista ocorra de forma periódica.

O próprio Piaget define a assimilação como:



“[...] uma integração à estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se à nova situação.” (PIAGET, 1996, p. 13)

Após as aulas entrevistas são confeccionadas as “escadinhas” de acordo com o nível de cada aluno na hipótese da escrita. Com essas informações concluídas é feito a eleição dos grupos áulicos onde os alunos mais votados são eleitos “líderes” e escolhem três colegas para formar o grupo de preferencialmente de no mínimo quatro pessoas. Nos grupos áulicos as crianças se organizam diariamente, realizando as tarefas em individual e também de forma coletiva. As tarefas de jogos estão presentes diariamente


Referências
BECKER, Fernando. Modelos Pedagógicos e Modelos Epistemológicos. In: Educação e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001.

PIAGET, Jean. Biologia e Conhecimento. 2ª Ed. Vozes : Petrópolis, 1996.

domingo, 26 de junho de 2011

Eixo6: Disciplina x Autonomia

Na Interdisciplina de Filosofia da Educação, no eixo 6, foi proposta a leitura dos textos de Kant (2002) e Adorno (1974) que tratam de assuntos que são presentes na sociedade que se questiona sobre liberdade e a disciplina. Algumas idéias de Adorno (1974) podem muito bem ser relacionado às idéias de Kant (2002), nas quais apresentam preocupações com a civilidade e a disciplina, não permitindo a selvageria iminente no ser humano e a educação para emancipação como forma de evitar uma nova barbárie.


No pensamento do filósofo alemão, do século XVIII, Immanuel Kant, um papel fundamental no processo educacional é a disciplina, qualidade imprescindível para a autonomia do sujeito enquanto atuante moral. A questão da disciplina é um dos pontos fundamentais da pedagogia de Kant. Logo na primeira página de seu texto Sobre a Pedagogia, Kant afirma que é através da disciplina que o homem transforma a animalidade em humanidade. Devido a isso, a disciplina é, conforme Kant, “o que impede ao homem de desviar-se do seu destino, de desviar-se da humanidade, através das suas inclinações animais”.



Segundo Kant (2002), a disciplina não é o oposto à autonomia, ao contrário, a disciplina é importante para ser humano aprenda a guiar sua vontade pela razão e assim possa construir a sua autonomia.



“a educação também deve cuidar para que o homem se torne prudente, que ele permaneça em seu lugar na sociedade e que seja querido e tenha influência. A essa espécie de cultura pertence àquela chamada de civilidade. Esta requer certos modos corteses, gentileza e prudência de nos servirmos dos outros homens para os nossos fins.”



No entanto Adorno (1974) refere-se à disciplina citando que:



“a imagem da educação pela dureza, na qual muitos crêem irrefletidamente é basicamente errada [... ] aquele que é duro contra si mesmo adquire o direito de sê-lo contra os demais e se vinga da dor que não teve a liberdade de demonstrar, que precisou reprimir.”



A educação tradicional tem como principal aspecto a disciplina que está relacionada a severidade em sua prática. Para Adorno, o modelo de educação tradicional facilitaria a constituição de uma consciência produtora de barbárie, justamente por estar centrada principalmente em elementos disciplinares, relembrando a educação Nazista, que encontrava na disciplina e na severidade da educação tradicional seus elementos precursores. A disciplina apresentaria bem como fator o de dominar o temor. O sujeito contido poderá ter ingresso a um tipo de entusiasmo, que não lhe é oportuno, mas é determinada bem como reação a contenção hostil que está passando. Assim, reprimir o medo não significa superá-lo. A repressão só produziria no sujeito um caráter agressivo e de falsa coragem. Segundo Adorno, “a educação deve dedicar-se seriamente à idéia que não é em absoluto desconhecida da filosofia: que não devemos reprimir o medo.”



O objetivo da disciplina em Kant é claro: ensinar a obedecer e a controlar seus impulsos. Deste modo, a disciplina é a garantia da educação. Sem disciplina não há progresso. Sem disciplina não há educação. Sem disciplina não há esclarecimento.

“A disciplina é o que impede ao homem de desviar-se do seu destino, de desviar-se da humanidade, através das suas inclinações animais. Ela deve, por exemplo, contê-lo, de modo que não se lance ao perigo como um animal feroz, ou como um estúpido.”

O animal é movido por instinto, e já nasce com tudo o que pode vir a ser. O homem, segundo Kant, só assume a sua identidade humana pela educação, capaz de torná-lo indivíduo, pois ao nascer ele possui a possibilidade de vir a ser múltiplas coisas. Por ser detentor exclusivo da liberdade, que oportuniza uma infinidade de caminhos para seguir, o homem em si mesmo não é nada, mas através de sua liberdade poderá vir a ter uma infinidade de escolha. Mas o ser humano não desenvolve suas potencialidades de maneira isolada, por meio da educação ele é moldado para que possa vir a utilizar as suas possibilidades infinitas. Ao mesmo tempo em que afirma que o indivíduo deve agir sob disciplina, Kant nos revela que visa uma educação de liberdade onde a formação do caráter ocorre quando o homem é capaz de agir de acordo com as suas potencialidades, tornando-se hábil a vida em sociedade. A disciplina é apresentada como um processo necessário para a compreensão que devemos sempre seguir regras, aprendendo a agir de modo organizado e reflexivo.



Em seu texto, Adorno sustenta que é importante se pensar diariamente na possibilidade de uma nova Auschwitz lembrando que para isso é fundamental estar historicamente informado a respeito do fato é comprometer-se em criar meios de prevenção [...] “A educação só teria pleno sentido como educação para a autorreflexão crítica.” Adorno sustenta a idéia de que a escola deve ser reformulada, recebendo mais recursos e suportes que auxiliem na educação de maneira geral. A didática utilizada nas escolas necessita ser dinâmica de modo a proporcionar aos alunos diversas maneiras para interagirem de maneira que o educando se sinta inserido. Para Adorno, a educação deve, ao mesmo tempo, buscar a emancipação humana e evitar a barbárie. Ele interroga o ensino autoritário e reflete um ensino emancipatório. A emancipação produz um indivíduo autônomo e a autonomia é a melhor maneira de se prevenir a possibilidade de retorno da barbárie. Neste aspecto, Adorno se assemelha ao pensamento de Kant. “A única verdadeira força contra o princípio de Auschwitz seria a autonomia, se é que posso utilizar a expressão de Kant;”















Referências

ADORNO, Theodor W. A Educação após Auschwitz. In:______. Sociologia. São Paulo: Ática, 1986, p.33-45.

KANT, Immanuel. Introdução. In:______. Sobre a pedagogia. Piracicaba: EDUNIMEP, 2004, p. 11-36.