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Universidade Federal do Rio Grande do Sul


UFRGS


Curso de Licenciatura em Pedagogia:


Anos Iniciais do Ensino Fundamental Modalidade a Distância


Pólo Gravataí



Josiane Ferreira Nunes


sábado, 26 de junho de 2010

Embora meus alunos não sejam eleitores nesse ano de Copa, comecei a questionar-me sobre a importância de um olhar diferenciado em nossa prática pedagógica para que nossos alunos não sejam submetidos a uma educação que os tornará seres passivos diante dos acontecimentos e submissos a qualquer um que se imponha e mostre poder sobre nós. Como nos fala Rubem Alves:
Educação é isto: o processo pelo qual os nossos corpos vão ficando iguais às palavras que nos ensinam. Eu não sou eu: eu sou as palavras que os outros plantaram em mim. Como disse Fernando Pessoa: ‘Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim’.
Ao mesmo tempo somos o resultado do desejo de nossos pais, professores, líderes religiosos e políticos. Somos influenciados pela mídia, o mais eficaz modo de se propagar idéias. No entanto, quanto educadores não podemos deixar de lembrar que somos responsáveis pelo que somos, influenciamos os alunos em suas decisões. Atualmente há toda uma discussão em torno dos meios alternativos de educação, em nossa sociedade a escola ainda é vista como a melhor forma de se obter conhecimento e trampolim para uma “ascensão social”. No entanto a escola, com toda sua autoridade conseguem transformar seus “subordinados” (alunos) em sujeitos passivos. Ela consegue impor suas idéias sem contestações, muitas vezes podando, ensinando às crianças desde o principio a absorver e repetir suas lições, tão bem que se tornam incapazes de pensar coisas diferentes. Tornam-se ecos das receitas ensinadas e aprendidas. Tornam-se incapazes de dizer o diferente (Rubem Alves: 1994, 27).
Os homens realizam grandes ações, descobrem como construir grandes máquinas, avança na medicina, revelam segredos da natureza e do universo, mas são incapazes de se compreender e compreender o outro. As crianças são “preparadas” sobre o pretexto da educação para servir a sociedade, e quando for adulto, exercerem uma profissão que promete preencher suas vidas e realizá-las como seres humanos. No entanto a realidade é bem diferente, essas crianças educadas com técnicas para formar técnicas nas mais diversas áreas, tornam-se frustradas, sofrendo com seus conflitos ou então sendo tão ocupadas que se esquecem delas próprias. Pois para isso não existem receitas e tais coisas nunca foram ensinadas na escola. O que a escola acaba por fazer, segundo Nitzesche “é um treinamento brutal, com o propósito de preparar vastos números de jovens, no menor espaço e tempo possível, para se tornarem usáveis e abusáveis, a serviço do governo”, mas Rubem Alves modificaria sua última afirmação dizendo que ao invés de “usáveis a serviço do governo”, diria “usáveis e abusáveis a serviço da economia” ( ALVES: 1994, p.21).
A educação, tal como é apresentada muitas vezes em sala de aula, de maneira formal, limita as possibilidades de fantasia e de liberdade criativa. Dá respostas certas, anulando a experimentação e a formulação de hipóteses pelas próprias crianças. Ignorando o fato de que as crianças pensam e que devem ser estimuladas a isso, talvez pela falta de tempo, pelas exigências curriculares, ou pelo despreparo dos professores. Não importa a razão, o consegui perceber é que a educação ainda segue padrões, ignora as diferenças individuais, as diferenças regionais e o histórico de vida de cada aluno, sendo extremamente autoritária. Na afirmação de Reimer:
As escolas são obviamente, planejadas para evitar que as crianças aprendam o que realmente as interessa, assim como servem para ensinar-lhes o que devem saber. Daí resulta que a maioria delas aprende a ler, mas não aprecia a leitura aprende seus algarismos e detesta a matemática, se tranca nas salas de aula e aprende o que bem entende nos saguões, pátios e lavatórios (1979: p. 151).


Referências Bibliográficas

ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. São Paulo: Ars Poética, 1994.
REIMER, Everett. A escola está morta.Rio de Janeiro: Francisco Alves,1979.

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Josiane:

Fizeste reflexões interessante e trouxestes teóricos que reforçam o que pensas. Seria importante, como sugestão e quando possível, argumentar também com exemplos de tua prática.

Grande abraço, Anice.