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Universidade Federal do Rio Grande do Sul


UFRGS


Curso de Licenciatura em Pedagogia:


Anos Iniciais do Ensino Fundamental Modalidade a Distância


Pólo Gravataí



Josiane Ferreira Nunes


terça-feira, 28 de junho de 2011

Eixo7: EJA... um recomeçar!

Ao realizar este trabalho de postagens eu retomei uma atividade que fiz no início do curso de PEAD, no ano de 2006. Na época estudamos a definição de educação segundo Durkeim. Para definir ensino, é imprescindível compreender a história, conferir e apreciar os aspectos históricos dos sistemas educativos que hora permanecem e em toda a sua vivência, de maneira comum, estudando com esses exemplos e retirando deles diretrizes


A partir do conhecimento e desta comparação construir elementos comuns nos quais precisam atender as necessidades do educando durante sua aprendizagem. Realizamos uma importante discussão sobre o tema. A educação não é um elemento para que ocorra a mudança social, de modo contrario, é um elemento essencial para a “conservação” e funcionamento do sistema social, como foi possível estudarmos na Interdisciplina EDUCAÇÂO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL, eixo 7. Talvez isso explique a razão do descaso que a EJA é tratada anos após anos em políticas públicas interessadas em conservar o funcionamento desse sistema social. Para Álvaro Pinto (1992), a educação é o processo pelo qual a sociedade forma seus membros à sua imagem e em função de seus interesses. É a formação do homem pela sociedade, ou seja, “o processo pelo qual a sociedade atua constantemente sobre o desenvolvimento do ser humano no intento de integrá-lo no modo de ser social vigente e de conduzi-lo a aceitar e buscar os fins coletivos” (Pinto,1992,p.30). A educação é um processo. O decorrer de um fenômeno (a formação do homem) no tempo. Representa a própria história individual de cada ser humano e está vinculada a fase vivida pela comunidade em sua contínua evolução. Um conceito ingênuo, e bem comum, seria pensar que o conteúdo da educação está definido pela totalidade dos conhecimentos transmitido do professor pra o aluno.



Por muitos anos a Educação de Jovens e Adultos foi mantida em uma situação de exclusão no contexto das políticas públicas. Houve poucas vezes um esforço articulado na questão de superar o analfabetismo adulto, com o objetivo mais de manter um nível de escolarização (basicamente ler+escrever e fazer conta). Falar sobre a Educação de Jovens e Adultos exige atualmente a necessidade de um repensar, não só com relação à faixa etária dos alunos, como também sobre a questão cultural que está explicitamente ali incluída. A modalidade de ensino da EJA "necessita ser pensada como um modelo pedagógico próprio a fim de criar situações pedagógicas e satisfazer necessidades de aprendizagem de jovens e adultos" (PARECER CNE/CEB 11/2000). Ela tem que quer ser a via de oportunidade para que os jovens e adultos possam desenvolver habilidades e competências adquiridas ao longo de sua trajetória pessoal, através da sua história de vida e da bagagem social e cultural. A função permanente (qualificadora) de proporcionar o acesso à informação, ou seja, atualização de conhecimentos permanente para todos, incluindo os idosos. A função equalizadora busca restabelecer a trajetória escolar do estudante da EJA para dar oportunidade a trabalhadores e outros segmentos da sociedade a reentrar no sistema educacional. Por sua função reparadora, a EJA abriga pessoas de todas as idades a partir dos 15 anos (idade mínima para cursar o Ensino Fundamental) que não tiveram acesso à escola na infância ou os jovens que possuem histórico de repetência e evasão escolar no Ensino Regular.

Esta modalidade de ensino através de suas funções possibilita aos seus alunos e alunas um recomeçar, inserir-se na sociedade como cidadão ativo e participante. A decorrência é uma aberta troca, entre professor e aluno. Não existe informação válida se não for partilhado com o seguinte. Estabelecer o diálogo é importante. A legitimidade da informação é produzida socialmente, bem como participo e arquiteto o conhecimento com os outros.

A educação é aspecto prático da convivência social. Na sociedade todos educam todos.

O professor precisa estar na busca do aprendizado sempre, mas havendo o cuidado de não negar seu papel em sala de aula, como alguém que sabe algo que o aluno quer saber. Não podemos negligenciar a hierarquia em sala de aula, mas com uma atenção especial para não cairmos no autoritarismo. Trabalhei com alfabetização durante 6 anos letivos com a EJA. Foram anos riquíssimos, de experiências fantásticas das quais me recordo até hoje. Certa vez, por ocasião da chegada do inverno, alguns alunos começaram a faltar devido ao frio e resfriados. Entre uma aula e outra surgiam receitas para essas “Doenças de inverno”. Os mais velhos trocavam receitas com os alunos mais jovens. Eu me vi no meio de uma enciclopédia viva e com saberes riquíssimos. Na turma havia um senhor que estava se alfabetizando e uma senhora que já estava alfabetizada, eles sentavam junto com os alunos mais jovens e repassavam suas receitas (isso de modo informal, na hora do recreio). Foi então que repensei minha prática em sala de aula, pois precisava organizar todas aquelas informações preciosas, do saber popular. Antes de qualquer coisa é preciso conhecer o aluno, indivíduo inserido em um contexto social do qual deverá sair o “conteúdo” a ser desenvolvido em aula. Este trabalho acabou resultando em um livro escrito por eles em dupla que foi trocado na forma de um presente de amigo secreto. Essa experiência também rendeu uma premiação na feira de ciências de nossa escola e a participação na feira de ciências municipal. O saber científico e escolar não pode e não deve ser considerado acima e indissociável ao saber popular. O saber popular não deve ficar alheio ao processo de elaboração do conhecimento, pois dessa maneira não estará determinando a transformação social.


Referências
ALVARO Pinto Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo: editora Cortez. 1992

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